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A história da árvore Maria Mole: 150 anos da Imigração Italiana no RS

Histórias que poucos conhecem

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Árvore de Maria Mole ao lado do Restaurante Nona Ludia, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves (Foto: Rosana Klafke/Sem Roteiro)

Quem viaja pela Serra Gaúcha e pelas regiões colonizadas por italianos no Rio Grande do Sul logo se depara com casas de pedra, parreirais, sotaques cantados e pratos cheios de história. Mas nem sempre a vida por aqui foi farta. Em 2025, o estado celebra os 150 anos da imigração italiana, relembrando um passado de sacrifícios e coragem.

A promessa de um paraíso… que não existia

No final do século XIX, milhares de italianos deixaram para trás a fome, as guerras e a falta de perspectivas no norte da Itália. O Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, parecia uma terra de oportunidades. Os anúncios e panfletos distribuídos pela Europa prometiam terras férteis, clima parecido com o europeu e até acredite se quiser, árvores que dariam salame, tamanha seria a fartura.

A dura realidade

Ao chegarem aqui, os imigrantes italianos encontraram mato fechado, chão duro e nenhuma infraestrutura. Nada de casas, nada de comida pronta, nem vizinhos por perto. Só terra, frio e silêncio. A luta para sobreviver foi intensa. E é aí que entra uma das histórias mais simbólicas dessa jornada: a árvore de Maria Mole.

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Árvore de Maria Mole ao lado do Restaurante Nona Ludia, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves (Foto: Rosana Klafke/Sem Roteiro)

A gruta nas raízes da árvore Maria Mole

Em meio a tantas incertezas e dificuldades, muitas famílias italianas encontraram refúgio na própria natureza. Era comum que árvores como a Maria Mole — uma espécie de umbu de raízes largas e retorcidas — fossem usadas como abrigo improvisado ou até esconderijo em tempos de conflito.

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Gruta na Árvore de Maria Mole, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves (Foto: Rosana Klafke/Sem Roteiro)

Uma dessas árvores, que ainda está de pé e pode ser visitada, foi lar de uma família composta por um casal e dois filhos durante cerca de dois anos. Enquanto construíam sua casa eles viveram em uma gruta natural formada entre as raízes da Maria Mole. Hoje na casa funciona o restaurante Nona Ludia, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves.

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Restaurante Nona Ludia, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves (Foto: Rosana Klafke/Sem Roteiro)

Hoje, visitar o local onde essa família viveu é mais do que fazer um passeio. É entrar numa cápsula do tempo, sentir na pele o que foi a chegada dos primeiros imigrantes e entender por que, mesmo diante de tantas dificuldades, eles permaneceram aqui, e construíram parte essencial da identidade gaúcha.

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Árvore de Maria Mole ao lado do Restaurante Nona Ludia, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves (Foto: Rosana Klafke/Sem Roteiro)

150 anos depois: o que ficou?

Os 150 anos da imigração italiana são mais do que uma data comemorativa. São uma oportunidade de valorizar as heranças que esses imigrantes deixaram: a culinária, a música, a arquitetura, os valores familiares e a hospitalidade.

Mas também é um momento de reconhecer a luta e a resiliência de quem chegou com pouco (ou nada) e construiu tudo.

Se você estiver planejando um roteiro pela Serra Gaúcha, inclua a visita à árvore Maria Mole, é um passeio diferente e emocionante. A gente não conhecia a história até visitar.

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